Entrevista a: Paula Beirão Valente
Nutricionista Clínica
Sócia efectiva da Ordem dos Nutricionistas com a cédula Nº 1167N.
Associada efectiva da Associação Portuguesa de Nutricionistas com o nº 772.

1 – O que a levou a escolher esta profissão?
Confesso que o curso de nutrição não foi a minha primeira opção aos 17 anos de idade quando concorri pela primeira vez ao ensino superior. Andei durante 2 anos na Universidade de Coimbra entre as ciências humanas e exactas sem me sentir realizada. Não queria acreditar que aos 17 anos estava a definir o "resto da minha vida" e sentia-me muito imatura para tal. Só mais tarde, aos 21 anos, arrisquei mudar-me para o Porto atrás do curso que me parecia reunir as duas componentes numa só. Foi durante a prática clínica no meu estágio curricular, que me apaixonei verdadeiramente por esta profissão. Paixão que tem crescido de dia para dia.

2 – O que é necessário para ter uma alimentação saudável?
Hoje acredito que basta escutar o nosso organismo. Este envia-nos constantemente sinais que, infelizmente são negligenciados pelo stress do nosso dia-a-dia. A partir daí poderemos dar pequenos passos que em conjunto nos colocarão no caminho certo.

3 –Atualmente estamos mais atentos às informações nutricionais presentes nos rótulos dos alimentos. Quais as principais informações que o consumidor deve prestar atenção na hora de comprar um produto?
O ideal será olhar para o tipo de gorduras ou lípidos e de açúcares ou hidratos de carbono e destes evitar os que apresentem muitas gorduras saturadas ou açúcares simples. O valor calórico ou energético, na maior parte das vezes, induz-nos em erro.

4 – Quais os alimentos que devemos evitar?
Dependendo do objectivo, os alimentos a evitar poderão ser vários. Se estivermos perante um caso de excesso de peso, com as respectivas co-morbilidades associadas, deveremos ter particular atenção com alguns alimentos, nomeadamente: Açúcar, marmelada, compotas, geleias, produtos de pastelaria e de confeitaria como doces e salgados; manteigas, óleos, margarinas; fritos, assados e molhos com gordura, caldos concentrados, refogados; molhos como maionese, natas, chantilly; folhados, enchidos, salsicharia, fumados, enlatados e conservas em óleo; polvo, lulas, mariscos (molhos), bacalhau, miúdos, vísceras, carne de porco, pato; fruta em calda e cristalizada; bebidas alcoólicas, refrigerantes com açúcar e bebidas com gás, entre outros. No entanto saliento que estes alimentos serão apenas para evitar e não eliminar.

5 – O que são os super alimentos?
Superalimento é um termo utilizado para descrever alimentos com alto teor em fitonutrientes de elevados benefícios para a saúde. São geralmente naturais, inteiros e contêm altos teores de vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais ou antioxidantes. A incorporação destes alimentos na alimentação diária melhora de um modo geral a saúde física e o nosso bem-estar.

6 - Vivemos numa época em que as pessoas fazem mil coisas ao mesmo tempo e, por isso, não têm tempo de elaborar uma refeição saudável. Que conselhos daria?
Hoje em dia temos várias hipóteses. Poderemos optar por versões mais económicas, como a "marmita", e torná-la saudável privilegiando o consumo de sopa, legumes e fruta. Ou, se optar por realizar a refeição num restaurante ou cantina, tentar escolher pratos mais saudáveis grelhados ou cozidos e priorizar o consumo de fruta e vegetais logo no início da refeição. Não nos devemos esquecer que a procura poderá influenciar a oferta. O que pretendo com esta afirmação é mostrar que o mercado terá de se adaptar às escolhas do consumidor e, se este procurar ser mais saudável, a oferta irá com certeza mudar nessa direcção.

7 - Existem planos alimentares para diferentes faixas etárias (crianças, adolescentes, adultos e idosos?
Todos os planos alimentares são individualizados, adaptados a cada caso. À história familiar e pessoal de cada pessoa, aos exames clínicos e analíticos, aos exames antropométricos, à medicação que possa estar eventualmente a tomar, às preferências e horários alimentares, etc.
São tantos os parâmetros que temos de ter em consideração ao realizar um plano alimentar que não aceito, nem acredito em planos "standard" e pré-definidos.

8 - Quais os alimentos ideais para uma boa saúde?
Todos, desde que respeitando as recomendações da OMS, não entrando em fundamentalismos e tendo sempre como objectivo final o nosso bem-estar físico e emocional. O equilíbrio será para mim a palavra chave.
  


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