Entrevista a: Carla Simões
Gerência/Management da Frutalvor, Central Fruteira C.R.L.
Membro da direção da APMA - Associação dos Produtores da Maçã de Alcobaça
1 – Quando descobriu o gosto por esta profissão?
O gosto pela agricultura nasceu comigo pois nasci no seio de uma família com fortes tradições agrícolas e numa região muito vocacionada, enquanto actividade económica, para a horticultura. O gosto pela matemática veio da escola e dos bons professores cujas referências me deixaram muitas marcas positivas. Ao conjugar as duas nasceu uma Engenheira Agrónoma de Economia Agrária e Sociologia Rural. A vertente da Fruticultura foi mesmo o destino que, em boa hora, deu uma ajudinha numa visita de estudo de 5º ano de Faculdade ao Oeste Frutícola. Pelo caminho, sempre no Oeste passei pelos Projectos Estruturais, como o Emparcelamento Rural e pela Consultoria, nos projectos agrícolas e Agro Industriais, até chegar à Frutalvor, onde estou à 13 anos e onde sou sobretudo Gestora mas na vertade sou um pouco de tudo e é nesse papel que me “sinto em casa”.
2 – Como surgiu a oportunidade de dar a cara pela APMA?
A APMA surgiu na sequência de um convite à Frutalvor para integrar a direcção da associação e na ideia do seu presidente, que julgo interessante independente de ser eu a pessoa escolhida, de completar a direcção não apenas, como é tradicional, com directores das suas associadas com funções não executivas mas também com pessoas que vivem o dia-a-dia das empresas onde trabalham.
3 – Como é ser mulher e gerir uma organização de produtores?
Não sou feminista! Como não sou racista, nem todos esses istas…. De que se fala muito ultimamente. Sou de achar que somos pessoas (independentemente do sexo) e que valemos enquanto seres humanos pelas nossas qualidades e defeitos; mas tenho que reconhecer que este é um mundo sobretudo de homens e que uma mulher, sobretudo em inicio de carreira, tem que provar o dobro para ser vista como igual. Depois, com o passar do tempo, é exactamente igual ser mulher ou homem; respeitamos os nossos pares e exigimos ser respeitados de igual forma.
4 – Enquanto mulher que vantagens e/ou desvantagens acha existirem no cargo que ocupa?
Enquanto mulher, sinceramente quero crer que nenhumas. Espero e quero acreditar e trabalho todos os dias para tentar ser melhor profissional e disso sim, retirar vantagens sobretudo para o sector onde me movo.Não sendo completamente ingénua, em determinados meios, sobretudo de pessoas mais velhas, tenho mesmo de “vestir calças” para ser ouvida da mesma forma que os meus colegas homens e isso é uma desvantagem por ser um esforço adicional , contudo essas mentalidades já vão mudando e já há bastantes mulheres no sector.
5 – Que características uma mulher terá de ter para liderar uma empresa com sucesso ?
Ser igual entre os iguais e trabalhar nesse sentido. Mas, mesmo nos dias de hoje ainda tem que ser mais preserverante, mais eficiente, mais inteligente que um homem para ocupar o mesmo cargo e ser reconhecida da mesma maneira.
Fazer parte do Clube da Maçã de Alcobaça é promover, participar e acompanhar num processo de Crescimento e Autonomia Alimentar em Portugal!